Dec 20, 2024 2:26:13 PM
A horticultura em estufas está prestes a passar por uma revolução tecnológica. Enquanto os produtores trabalham diariamente para garantir a saúde de suas plantas, novas inovações oferecem possibilidades sem precedentes para prevenir doenças, otimizar as condições de crescimento e assegurar a saúde das plantas. No centro dessa transformação está a Artificial Intelligence (AI). Por meio de análises inteligentes e previsões precisas, a AI proporciona ao setor não apenas novos insights, mas também suporte prático para enfrentar os desafios de hoje e de amanhã.
Tradicionalmente, os produtores dependem amplamente de inspeções visuais, como “dar uma volta pela estufa”, para monitorar suas plantas. A AI, no entanto, possibilita monitorar e prever com precisão o crescimento e a saúde das plantas. Aplicações como machine learning e visão computacional permitem aos produtores identificar padrões de doenças, analisar condições de crescimento e até mesmo automatizar medidas corretivas. Isso abre caminho para uma gestão de cultivo baseada em dados.
Sistemas avançados, como o WaterSystem da ErfGoed, ampliam ainda mais o potencial da AI. Corné Verduijn, Gerente de Sistemas de Água da ErfGoed, explica: “Nosso WaterSystem coleta uma infinidade de dados sobre fatores cruciais, como qualidade da água, fertilização e até mesmo consumo de energia das bombas. Isso fornece aos produtores informações valiosas, não apenas sobre o cultivo, mas também sobre a necessidade de manutenção.”
Cor Bremmer, Diretor Operacional da ErfGoed, acrescenta que o sistema AirFlow traz uma dimensão extra: “Com este sistema de pisos de fluxo e refluxo com capacidade de aeração, os produtores têm uma ferramenta adicional para criar um microclima ideal para as plantas.”
Cor Verdouw, Pesquisador Sênior em Supply Chain & Business Informatics na Wageningen University & Research, especializado em tecnologias emergentes como a AI, explica: “Com a AI, os riscos podem ser identificados muito mais cedo, a inspeção pode ser mais direcionada e medidas preventivas podem ser tomadas. A combinação de dados com algoritmos inteligentes permite planejar ações concretas, como ajustar o nível de água no piso da ErfGoed para regular temperatura e umidade, ou aplicar proteção de culturas e iluminação de forma localizada. Com os dados disponíveis, os produtores podem realmente otimizar as condições dentro das estufas.”
Uma infraestrutura capaz de processar e integrar diferentes fluxos de dados é essencial para utilizar a AI. Sensores coletam grandes volumes de informações sobre fatores como condições do solo, gestão da água e microclima ao redor das plantas. Ao combinar esses dados com fontes externas, como informações meteorológicas, é possível obter uma visão completa do ambiente de cultivo. Essa abordagem baseada em dados ajuda os produtores não apenas a identificar problemas, mas também a otimizar o uso de água, energia e a saúde das plantas.
Verdouw destaca que a integração é crucial: “Muitos sistemas ainda funcionam de forma independente. Uma abordagem totalmente integrada, na qual os dados de diferentes fontes são combinados, é essencial para avançar significativamente. Ao integrar os sistemas e consolidar os dados, a AI pode oferecer insights personalizados aos produtores, permitindo que tomem decisões melhores.”
O verdadeiro poder da AI está não apenas na análise de dados, mas também na tradução desses insights em ações concretas. Por exemplo, sensores podem detectar alterações nas condições do solo ou no microclima das plantas, e os sistemas de AI podem automaticamente sugerir correções. Verdouw explica: “Os sistemas de AI podem ajudar os produtores a tomar decisões ou até mesmo iniciar ações de forma autônoma. Esses sistemas podem atribuir tarefas como ajustes na ventilação ou irrigação. Robôs também podem ser programados para aplicar defensivos agrícolas com precisão, e drones podem liberar predadores naturais, como ácaros, em locais específicos dentro da estufa.”
Bremmer vê benefícios claros: “Isso não só melhora a eficiência operacional, como também promove um uso mais sustentável dos recursos. Maior precisão resulta em menos desperdício, levando a economias de custos e a uma pegada ecológica menor—algo que será cada vez mais importante no futuro. Além disso, isso otimiza a saúde das plantas, permitindo que os produtores cultivem plantas saudáveis e fortes.”
O papel da AI vai além da otimização. Ela também permite que os produtores trabalhem de forma mais transparente e sejam mais responsáveis perante clientes e reguladores. Verduijn explica: “Com os dados dos sensores de sistemas como o WaterSystem, os produtores podem demonstrar que seu uso de água é sustentável e responsável. Isso pode, no final, fortalecer a confiança no setor.”
Embora a tecnologia ainda esteja em desenvolvimento, suas primeiras aplicações práticas já estão amplamente difundidas. Segundo Verdouw, a AI será cada vez mais integrada à horticultura em estufas nos próximos anos: “O que hoje parece novo se tornará prática comum em poucos anos. Será possível monitorar e controlar totalmente os processos de cultivo à distância, algo especialmente interessante para locais de produção internacionais. Além disso, a AI pode ajudar a enfrentar a escassez de mão-de-obra, automatizando um número crescente de tarefas rotineiras.” Ele ressalta, no entanto, a importância de gerenciar cuidadosamente os riscos associados à AI, como confiabilidade, desinformação, segurança e direitos de propriedade.
O futuro da saúde das plantas está em uma abordagem inteligente e baseada em dados. Com o uso da AI, os produtores podem não apenas otimizar seus processos de cultivo, mas também contribuir para um setor mais sustentável. As inovações estão avançando rapidamente, e as empresas que abraçam essa tecnologia colherão os frutos de melhores resultados, custos mais baixos e plantas mais resilientes.