Os biossensores podem ajudar a fortalecer as plantas ao detectar precocemente sinais de estresse, interrupções no crescimento ou ameaças iminentes de doenças e fungos. Embora o uso desses sensores ainda esteja em estágio inicial, seu potencial é enorme. Quando um biossensor identifica uma ameaça, a otimização dos fatores de crescimento e do ambiente de cultivo se torna essencial. Nesse contexto, o sistema AirFlow da ErfGoed desempenha um papel fundamental.
A importância da resistência das plantas vem ganhando cada vez mais destaque, especialmente devido à redução do número de defensivos agrícolas disponíveis e à crescente necessidade de práticas agrícolas mais sustentáveis. De acordo com Linda Nooren, pesquisadora da Delphy, os biossensores podem desempenhar um papel essencial no fortalecimento da resistência e da saúde das plantas.
"Esses sensores fazem medições diretamente na planta para identificar eventuais problemas", explica Nooren. "Até agora, as análises eram feitas principalmente no ambiente da estufa. O próximo passo é medir diretamente as condições da planta. Com os biossensores, podemos detectar precocemente o estresse ou distúrbios no crescimento, reduzindo o risco de doenças e infecções fúngicas. Se tivermos essas informações com antecedência, podemos intervir rapidamente e corrigir as condições de cultivo. São como sinais de alerta, que podem evitar a necessidade do uso de produtos químicos".
Segundo Nooren, existem diferentes tipos de biossensores, cada um com seu próprio princípio de funcionamento. Por exemplo, os sensores da Vivent Biosignals detectam os sinais elétricos gerados pelas plantas. Eles medem a resposta da planta aos nutrientes essenciais, como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca), além de sua necessidade de água. Isso é possível por meio da análise da comunicação celular utilizando eletrofisiologia, uma técnica também aplicada na área da saúde, como nos eletrocardiogramas.
"Além disso, existem os biossensores da Plense Technologies, que captam os ecos dos elementos presentes na planta, fornecendo informações valiosas", explica Nooren. "Outra opção são os biossensores da 2Grow, que geram dados sobre o fluxo de seiva e o diâmetro do caule. Por exemplo, uma deficiência de cálcio, que torna a planta mais suscetível a doenças e pragas, pode ser detectada por meio das alterações no fluxo de seiva. O mesmo acontece com a presença do Fusarium nas raízes, que pode ser identificada dessa forma. Em outras palavras, os biossensores nos permitem 'conversar' com as plantas".
Um dos maiores desafios, segundo Nooren, é interpretar corretamente os dados coletados. "Em alguns casos, o problema será óbvio, mas muitas vezes não será tão claro. Os algoritmos associados aos biossensores precisam ser treinados para reconhecer padrões e identificar problemas. Eles devem ser capazes de indicar, com base nos dados coletados, se há estresse hídrico, uma doença ou uma praga. Esse treinamento dos algoritmos exige tempo. Por isso, o uso de biossensores ainda está em fase inicial e, para muitos produtores, parece algo distante da realidade. No entanto, o potencial futuro dessa tecnologia é imenso".
Cock van Bommel, gerente de desenvolvimento de negócios da ErfGoed, compartilha dessa visão. "Esses sensores serão os 'novos dedos verdes' dos produtores. No entanto, a implementação de biossensores em cultivos de plantas em vasos e canteiros será mais desafiadora, pois existem muitas espécies diferentes nesses ambientes. Cada tipo de planta tem características próprias, que precisam ser interpretadas corretamente. Ainda há um longo caminho a percorrer nesse sentido. Mas uma coisa é certa: quanto mais pudermos medir diretamente na planta, maior será o controle sobre seu crescimento, doenças, pragas e, consequentemente, sua saúde".
Em resumo, os biossensores oferecem a possibilidade de identificar precocemente os riscos para o cultivo e a saúde das plantas. Uma vez detectados esses riscos, é fundamental agir rapidamente. Van Bommel explica: "Nesse momento, é necessário adotar medidas agronômicas para reduzir os riscos, como ajustar a irrigação e a fertilização ou melhorar o microclima ao redor da planta. Um microclima mais ativo pode ajudar significativamente a prevenir infecções fúngicas".
"Na prática, o sistema sopra ar quente ou frio na parte inferior das plantas, numa altura de 30 a 40 centímetros. Isso cria um fluxo de ar suave, que mantém a planta mais ativa e melhora o microclima ao seu redor, reduzindo as chances de infecção por fungos. O fluxo de ar também ajuda a planta a secar mais rapidamente", explica Van Bommel.
Desde a 43ª semana de 2024, a Delphy está conduzindo testes com o sistema AirFlow na Koppert Cress. Nooren conclui: "Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, mas está claro que a criação de um microclima ideal ao redor da planta pode ajudar a controlar doenças e pragas. Nesse sentido, o sistema AirFlow pode ser uma ferramenta extremamente valiosa".